Ele chegou, amigo com a felicidade na algibeira, num dia
comum de Outono. Ao contrário de todos os outros não cheirava a perfume, trazia
os aromas da infância e nos seus lábios o sorriso sincero de amigo esquecido na
memória. Mãos nos bolsos, roupa singela no corpo franzino, o Sol enchia os seus
cabelos e inundava a minha alma de vento, o vento que quase me permitia voar. A
sua face preenchida de luz chamou a minha atenção para as suas histórias de
mundos longínquos, ele já viajara até o inimaginável e eu ouvia-o com a mente
cheia dos mais coloridos pensamentos. Os amigos viajam sempre por este mundo
inteiro, mas voltam sempre para casa.
A minha mão enrugada pousou na manita jovem dele, é
fantástico como depois de tanto tempo ele permanecia… assim, tão novo! Nada nele mudou. O grande amigo que gostava
de escrever histórias de aventuras, o amigo que tinha uma cadelinha de nome
Lucy, o amigo que já era mais que irmão e esperava as noites para montar as
estrelas. Com ele aprendi o valor de uma amizade. Nunca me esqueci do seu
significado, enquanto fico a baloiçar no banco… ele havia dito que quando a
velhice chegasse haveria de chegar a solidão, agora acontece sempre. Mas ele
foi ser feliz e eu fiquei não muito longe da casa materna. Voltou décadas
depois, voltou tão novo como aquando a sua partida. Agora me arrependo, amigo,
de não te ter seguido! Talvez pudéssemos encontrar a juventude eterna, juntos.
Sei que não pôde traze-la numa caixinha mágica, mas sei também a satisfação que
sinto dentro do peito.
0 comments:
Enviar um comentário