"Meu caminho é por mim fora."

28/08/2013

A Fofinha parece triste


"A Fofinha parece triste!", penso e digo para  a família. Não é a cadela que roía, brincava e ladrava como dantes. Segue-me para todos os cantos da casa, excepto para o quarto, porque a avó não quer. Mas hoje é excepção. A avó saiu em plena Quarta-feira para uma excursão em Lamego, os pais não foram trabalhar e saíram há pouco para o jogo do Albano. Pergunto-me se será feriado. Fiquei-me. Eu e a Fofinha. Não sei onde param a Piggy e o Miguel Relvas. A Fofinha deitou-se perto de mim, partilhamos chocolate e pêssego ao som de Art Sullivan. Parece-me uma tarde de Quarta muito comum, apesar de tudo. O tempo passa de forma constante e a cadela está sossegada ao fundo da cama. Parece-me triste. E quer-me parecer que tem ciúmes da nova cadelinha. Arrasta-se pela casa, se lhe tocamos faz ar rezingão, não se interessa muito pela comida, apenas continua a ladrar e a atentar-se a morder os desconhecidos. Tem um ar desanimado e velho. Parece-me mais pesada, mas a mãe diz que é impressão minha, que não come quase nada. E na verdade, a mim tudo me parece pesado... mais pesado.
Estamos no quarto e embora queira estar só, posso partilhar o espaço com a Fofinha. Toda a casa está na escuridão, excepto o quarto iluminado por um candeeiro, que lhe dá um aspecto meio que amarelado. A cadela desperta com o barulho da porta de entrada. Corre para a porta do quarto e obriga-me a ir abri-la. Ela faz-me lembrar de mim. Ora rosna e aparenta fazer mal, ora fica-se na preguiça, ora é acordada por uma alegria  pouco duradoura. Mas nesses intervalos de mau humor canino e de alegria pelo som da porta parece-me, simplesmente, triste.

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